agenda

Tenho uma agenda impecável e ela vive dentro da minha mente

Ana Paula Borges
anapaula@getflowmind.com

Assim que eu fecho os olhos e me coloco em meditação, não há em mim nenhuma intenção de acalmá-la ou direcioná-la para um foco de atenção único, como um mantra ou a respiração. Eu simplesmente deixo as pálpebras repousarem gentilmente sobre os olhos e começo a observar o que e mente me traz.

Eu não sei quando nós duas começamos a fazer desse jeito, mas há muito tempo que ela me ajuda a organizar meu dia e funciona como uma assistente amiga e muito eficiente. Aquela ligação que eu preciso fazer e estava esquecida, a solução para um problema rotineiro que me ocupava nos últimos dias ou a lembrança de que é aniversário da minha tia, tudo se desvela como em um passe de mágicas.

É como se a minha mente dissesse: – Ah, que bom que você vai se aquietar e estará consciente. Deixa eu aproveitar para lembrá-la de algumas coisas que você precisa fazer hoje e te dar umas sugestões de como resolver aquela questão da melhor maneira.

E eu fico ali, por 2 ou 3 minutos, recebendo todos os presentes que ela me traz. Fico atenta e grata pelas informações que vem e vão, como quem recebe alertas e sinalizações da minha agenda-mente pessoal. Quando eu percebo, que o fluxo de informações diminuiu, em intenção, eu pergunto: – E então, mais alguma coisa que você tenha a me dizer?

Às vezes, surgem mais um ou dois pensamentos, que eu acolho prontamente e digo: – Ok, entendido. Obrigada! Vou dar seguimento ao que preciso fazer após a prática.

Não consigo vê-la sorrindo, mas sinto como se estivesse envaidecida por ter sido útil e ainda me falasse com uma piscadela de sinapses: – Boa, Ana! Vou me recolher e descansar, então! Boa meditação e até já.

É a partir desse momento, que entro no que chamo, o segundo ciclo da meditação.

Enquanto na primeira fase há o devaneio, onde deixo a mente solta para me trazer o que ela julga importante, nesse segundo ciclo, começo a direcionar minha atenção à respiração. A escolha por um foco único ajuda a deixá-la mais serena e ao mesmo tempo atenta, reduzindo as frequências cerebrais e contribuindo para que meu corpo relaxe e minhas emoções se aquietem.

Simplesmente, observo o ar entrando e saindo pelas narinas. Não tenho necessidade de modular o fluxo ou alongá-lo, apenas observo a respiração que sempre está ali, mas agora de uma posição mais privilegiada e atenta.

Nessa fase, minha mente converge naturalmente para um ponto único de atenção. Não há tensão, força ou necessidade de controle.

Caso perceba, que minha atenção se deslocou para algum pensamento, sensação ou ruído que chegou, volto gentilmente o foco à respiração e fico ali pelo período que desejar ou precisar.

Depois de um tempo, é como se ela tivesse atingido um “ponto”, que chamo de convergência. Quando chegamos nesse “lugar” é como se houvesse um campo de força, quase que impenetrável, que me faz sentir muito focada, alerta e viva, muito viva. Quando me sinto assim, é como se nada pudesse abalar ou entrar nesse campo cristalino do mais puro silêncio interior.

Desse lugar, minha mente começa a se se desprender novamente, deixando de lado o fio condutor da respiração que a trouxe até aqui. Nesse instante, a observação da respiração já ficou para trás e ela volta a ficar solta e expandida. Mas, diferentemente do primeiro ciclo, em que a deixava solta e os pensamentos chegavam, agora, em estado de pura entrega, há um silêncio de profunda conexão e abertura para a percepção.

Os insights que por ventura se desvelem, se traduzem por meio de algumas imagens ou sentimentos que vêm encharcadas de sentido, com quase nenhum ruído, oscilação ou reticência. Não é a mente do pensamento linear e encadeado que está ali e sim uma outra inteligência que também se comunica com cada um de nós, mas que usa um outro tipo de linguagem. Para entendê-la, basta estar solta e perceptiva a tudo que se desponta e emerge. Caso perceba que o que chega é apenas um ruído, o deixo ir. Mas, quando sinto que há um impulso de ensinamento ou sabedoria naquele instante-presente, mergulho mais um pouco naquele mundo de possibilidades. Sempre que isso acontece, aprendo mais um pouco sobre mim e o mundo a minha volta.

Todo esse processo, que eu chamo de caminho, não é mental. Parece mais uma dança fluida e harmônica, onde quanto mais me entrego, mais minha mente sabe para onde tem que ir.

Quando estou assim, me torno campo fértil para que brotem sentimentos maravilhosos de prazer, de uma alegria pacífica e de profundo bem estar. Não há nada que queira fazer ou nenhum lugar que queira ir. Meu maior desejo é continuar ali. Ou seja, aqui. E fico assim, pelo tempo que esse bem aventurado estado se mantiver.

Depois de um tempo, minha mente começa a voltar.

-Ana, ela diz: É hora de voltar. Você não marcou 10h com a Bebel?

E eu sussurro sem palavras…. Só mais um pouco.

E me sinto querendo sorver cada instante daquela maravilhosa sensação de conexão, como quem quer levá-la para o resto do dia. Para o meio da tarde, para o meu carro, trabalho e minhas conversas.

Ficaria o dia todo ali. Ficaria a vida inteira.

-Mas, há muito o que fazer ao longo do dia, ela me diz. Então eu volto, com uma inspiração profunda que me ajuda a me descolar daquele campo de luz e paz em que me encontrava.

Mexo vagarosamente meu corpo que ainda se ressente de sair daquele estado de profundo relaxamento e a primeira coisa que penso conscientemente depois de abrir os olhos é: seria maravilhoso se todos pudessem ter uma experiência semelhante como essa. Como posso inspirar as pessoas a experimentarem? E como ensinar para que elas por conta própria cheguem ali?

Que bom que eu já descobri e hoje ensino, o que chamo de FlowMind.

#meditação #consciência #mentefluida #liberdade #expansão #criatividade

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Ana Paula Borges

Executiva com mais de 25 anos de experiência em gestão e liderança. PhD em Administração pela FGV, Instrutora Senior de Meditação pelo IRB, Pesquisadora nas áreas de Neurociência e Mecânica Quântica. Fundadora da FlowMind – Mente Feliz, em Paz e Criativa no Agora. Palestrante, Mentora e Professora.

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