Mergulho, praia e montanhas

Não fique nesse lugar, saia imediatamente daí.

Ana Paula Borges
anapaula@getflowmind.com

Se você está se sentindo triste, bastante triste e olha a sua volta e não consegue identificar nada concreto que esteja acontecendo naquele exato momento, saia daí. Sim, saia daí imediatamente.

Isso não significar ignorar a tristeza, não pensar ou refletir sobre ela e nem, eventualmente, senti-la. Você pode fazer isso depois. Mas, enquanto estiver triste, apenas saia daí.

As nossas emoções, assim como nossos pensamentos, funcionam como correntes marítimas. Se a gente estiver distraído e desatento, elas podem nos levar. E podem nos levar rápido, para longe e para o fundo.

Se perceber que é assim que está se sentindo, comece a nadar em outra direção. Não se deixe levar. Faça esforço para mudar o seu foco de atenção. Sim, esforço. Você, muitas vezes, vai precisar de força e energia extra para sair dali.

Se você já tiver se debatido bastante e se sentir cansado, grite, levante o braço, peça ajuda. Às vezes, as ondas podem estar muito grandes, fortes e traiçoeiras e, você, sem força para nadar.

Se você conseguir se manter calmo por um tempo, mesmo que seja por alguns segundos, vai perceber que existem ondas indo para outra direção e se você escolher pegá-las, tudo vai ficar mais fácil. Às vezes, essas ondas aparecem na forma de uma conversa com um amigo, às vezes, na forma de uma música alegre, de uma lembrança boa, de um livro inspirador, de um filme que te entusiasme, de uma corrida na rua…. Todas essas coisas mudam o seu foco de atenção, a direção de seus pensamentos. E portanto, te levam para águas mais mansas.

E quando você já tiver mais tranquilo e fora de perigo, já na areia, em águas calmas dentro de você, pense sobre sua tristeza, reflita sobre ela, eventualmente sinta, mas tente fazer isso, fora da arrebentação, na praia, seguro. Mais seguro em você, com você.

Nos momentos em que estamos vivendo coisas muito dramáticas, tudo nos parece muito definitivo e sério. E a perspectiva de que aquilo é muito grave, pode fazer com a que a gente sinta-se sem forças, como se não adiantasse nadar para outra direção. No meio de uma sequência de ondas muito altas e sombrias, é possível que você pense….. Ah, deixa isso para lá, não tem o que fazer. Mas, tem. Sempre, tem.

Você já viveu tempo suficiente para saber que nada é assim tão definitivo. Você já tem essa experiência em você e sabe que tudo muda. Depois de um dia ruim, bem ruim, existem vários dias bons. E depois de um dia excelente, haverá vários dias não tão bons assim. É a mesma coisa com o tempo, com o mar, com os seus pensamentos, com você. Quantas vezes você achou que não conseguiria sair da arrebentação e saiu?

Precisamos acreditar mais em nós, do que em nossas mentes ou emoções. Nossos pensamentos fazem parte da gente, mas não são necessariamente a gente. Eles passam. Eles mudam o tempo todo. Portanto, procure não dar tanta trela, tanta atenção a eles. Você pode e deve desconfiar de suas intenções.

Se perceber que sua mente anda navegando frequentemente por águas turbulentas e demasiadamente agitadas ou tristes, saia daí. Não fique nesse lugar. Pegue firme no seu leme e mude a direção. Se perceber que o leme tá meio emperrado, peça ajuda. Tem sempre, sempre algum marujo com quem a gente pode contar.

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Ana Paula Borges

Executiva com mais de 25 anos de experiência em gestão e liderança. PhD em Administração pela FGV, Instrutora Senior de Meditação pelo IRB, Pesquisadora nas áreas de Neurociência e Mecânica Quântica. Fundadora da FlowMind – Mente Feliz, em Paz e Criativa no Agora. Palestrante, Mentora e Professora.

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